segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Portugal vai ter mais extremos climáticos

Investigação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro prevê verões mais secos e invernos com chuva mais intensa. Zona Centro com nevões nas serras.


Portugal vai registar nas próximas décadas um aumento de fenómenos climáticos extremos. A mudança é progressiva, mas o cenário já está traçado: ondas de calor mais frequentes e duradouras, bem como episódios de chuva intensa. Os períodos de seca vão afetar todo o País, já que há previsão de diminuição da precipitação. Estas são algumas das conclusões de um grupo de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, liderado por João Santos.
"As temperaturas vão aumentar, em média, três a quatro graus. No verão, as vagas de calor vão durar mais dias. Já o inverno será muito seco. Em dias de chuva, a precipitação será intensa. As estações do ano vão ser mais extremadas", afirmou ao CM João Santos. O investigador lembra que em 2013, março foi o mais chuvoso de que há memória. Já novembro último foi marcado pela ausência de chuva. "O aumento da temperatura máxima no interior do País, que não conta com o efeito moderador do mar, será o ponto mais crítico", explicou.
A neve que caiu em força na madrugada de ontem no interior Norte e Centro do País e pintou de branco as serras da região é já um indício da revolução climática que Portugal vai atravessar. Na serra da Estrela a neve obrigou ao corte de todas as estradas que dão acesso à Torre, e o mesmo sucedeu em algumas vias de montanha no norte do distrito de Viseu.
Com o topo das serras coberto de neve e o sol a raiar, milhares de pessoas passaram um domingo diferente. Foi o que aconteceu na serra do Montemuro. "Já fui muitas vezes à Estrela mas nunca vi lá tanta neve como está aqui agora", disse ao CM Nuno Leite, residente no Porto, que levou a esposa e dois filhos até à neve. "Esta paisagem é espetacular", disse Ângela Rocha, também residente na zona urbana do Porto.
Serra de Sintra vai estar limpa até ao verão
A Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) espera concluir até ao próximo verão a limpeza das mais de duas dezenas de hectares afetados pelo mau tempo de janeiro de 2013. A serra de Sintra foi assolada por chuva forte e ventos ciclónicos que atingiram velocidades superiores a 120 quilómetros por hora. Os prejuízos estimados pela PSML rondam os três milhões de euros.
Forte queda de granizo levou ao corte de vias
A forte queda de granizo que caiu na manhã de sexta-feira na região de Lisboa deveu-se a uma "estrutura supercelular", um tipo específico de tempestade formada ainda no Oceano Atlântico, informou o IPMA.
O fenómeno climático extremo obrigou ao corte de algumas estradas e túneis devido à enorme acumulação de gelo, gerada pela queda de granizo.
Neve e cheias na Europa
Há já mais de uma semana que o mau tempo assola a Europa. À semelhança de Portugal, também França e Espanha têm  sofrido nas mãos de São Pedro nos últimos dias.
No sul de França, as chuvas dos últimos dias provocaram várias inundações em cidades e campos agrícolas. Em Hyéres, a água atingiu em alguns locais 2,80 metros de altura, para preocupação dos habitantes que centram agora todos os esforços em proteger os bens, retirando-os dos pisos inferiores das casas.
Em Espanha, as autoridades decretaram alertas laranja e amarelo para várias províncias devido às chuvas intensas, neve e ondas de seis metros, que afetaram nomeadamente a Galiza e o País Basco. Na região de Zamora, a queda de neve provocou ontem alguns problemas de circulação rodoviária. Já no sul do país, a região de Málaga foi fustigada por chuvas intensas, com uma precipitação que atingiu os 30 litros por metro quadrado no espaço de  uma hora.
Para Madrid, estão previstas temperaturas a rondar os zero graus nos próximos dias e até Barcelona, junto à costa, deverá registar zero graus na 5ª feira.
Em Moscovo (Rússia), também tem sido o frio o principal inimigo da população, com temperaturas a rondar os 17 graus negativos. Na Escandinávia, Estocolmo tem registado mínimas de -6ºC, enquanto Helsínquia (Finlândia) tem sido mais fustigada pelo frio, com mínimas de 16 graus negativos.

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